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O empoderamento digital do idoso e seu impacto na vida diária

Quando falamos em avanços tecnológicos, não é preciso ir muito longe para nos surpreendermos com o grande salto que demos em tão pouco tempo. Os brasileiros em torno dos 50 anos de idade viram a televisão – primeiro em preto e branco, depois em cores – chegar aos lares, conheceram o telefone de disco, depois o de teclas e o sem fio. Por fim, assistiram a chegada do celular e a sua rapidíssima evolução. E os computadores? E os tablets?

A lista de exemplos é imensa. Mas, nos últimos anos, a Internet, sem dúvida, foi a grande responsável pelas mudanças drásticas na forma como as pessoas se comunicam e interagem.

E quem podia imaginar que isso tudo que víamos em filmes de ficção científica e em desenhos como o dos Jetsons seria realidade um dia?

Os pensadores franceses Jean-Françoise Lyotard (1924-1998) e Pierre Lévy (nascido em 1956) descrevem, em seus estudos, “que o modo de acesso à cultura da informação se dá agora através do computador, do telefone celular, com a informática se tornando uma nova ‘pele’ do homem, gerindo nossas relações com o meio e com as outras pessoas”.

Nesse contexto, como se insere o idoso? É comum ouvirmos de pessoas mais velhas que “os jovens de hoje já nascem conectados”. Em artigo publicado no livro Innovación para el empoderamiento ciudadano através de las TIC (uma iniciativa da Fundación Cibervoluntarios – www.cibervoluntarios.org), Gisnelli Bataglia Mincache, professora de informática para a terceira idade, nos lembra que, nesse cenário, adaptar-se às novas tecnologias passa a ser um desafio e tanto.

“Como entender tantas mudanças, como entender esse mundo virtual?”, indaga Gisnelli. Segundo a autora, “compreender e acompanhar todo esse avanço da tecnologia é uma tarefa complicada para muitos idosos, pela velocidade com que as coisas foram mudando (e estão mudando) nas três últimas décadas, contrariamente ao ritmo muito mais ameno de décadas anteriores”.

E prossegue: “Esse avanço acelerado nos últimos anos foi atropelado pela velocidade e pelas ininterruptas mudanças em equipamentos, que foram sendo descartados, virando peças de museu”.

“Imagine como o mundo evoluiu nesses vinte anos: uma nova maneira de ler, ver e ouvir a informação, de adquirir produtos e serviços, de se comunicar e de interagir com familiares, amigos e com a sociedade... Então, ao idoso na sua relação com os novos meios comunicacionais, fica o desafio de como se apoderar dessa tecnologia, como continuar se deslocando por esses novos espaços contemporâneos de vivências. Não é fácil para ele ter habilidades para se expressar, interagir, nos novos mecanismos de comunicação, nas novas tecnologias. Isso se ele quiser continuar dialogando com netos, filhos, amigos ou com o próprio mercado de trabalho e não se sentir um ser ultrapassado na era da pós-modernidade”, explica.

Segundo a professora, o idoso percebe que, para adaptar-se a esse novo mundo, é preciso que alguém lhe auxilie, que lhe ajude a encontrar uma forma de “empoderar-se” dessa “evolução tecnológica”. Vale lembrar que, para as pessoas idosas, as convenções de simples ações como o clicar em menus, em listas suspensas, atalhos e toda uma sucessão de nomenclaturas não é tão óbvio quanto para uma criança. “Muitos relatam que sentem vergonha e mal estar ao iniciar a aventura pelos tantos comandos do computador.” Não à toa muitos se referem ao uso do computador como “dominar o bicho”, segundo Gisnelli.

“Dominar neste caso tem a ver com apoderar-se, tomar as rédeas, não ter medo e simplesmente saber o que fazer em algum momento de pane ou de uma simples escolha. Assim, vislumbramos que esse empoderamento vem acontecendo quando observamos que alguns idosos utilizam as tecnologias, redes sociais e blogs. Assim sendo a pessoa idosa se sente respeitada neste novo mundo que se descortina com o uso maciço da internet, o empoderamento digital”, afirma.

Quando utiliza os recursos tecnológicos em suas aulas, Gisnelli, que também ministra atividades nessa linha para os frequentadores do Centro-Dia Pasárgada, oferece subsídios para que seus alunos idosos possam de fato ir além do simples ‘apertar de botão’.

“Queremos que eles façam um uso consciente do tablet, por exemplo, ou mesmo do game que ele joga com o neto. Dominar a tecnologia dá a ele a sensação de pertencimento a este mundo atual, e isso tem impacto positivo em sua autoestima, com reflexos em suas atividades diárias, na forma como ele se relaciona com as pessoas e seu ambiente”, finaliza.

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